Uma ação conjunta, apresentada pela diretoria da CMB e aprovada em diversas reuniões, vai possibilitar a aquisição de tendas e EPIs para humanizar as condições de trabalho dos QUIJILAS
Com o surgimento do garimpo de esmeradas em Serra de Carnaíba, há 56 anos, surgiu também a cultura de quijilar (procurar esmeraldas nos rejeitos das minas), o que é feito por centenas de moradores locais que levantam de madrugada e saem em busca da sorte grande, trabalhando nas chamadas mutueiras sob sol e chuva, até o anoitecer do dia. Essa tradição faz deles, os quijilas, partes integrante do processo de extração mineral no garimpo. Contudo, essa atuação passou a ser questionada por órgão fiscalizadores, como a ANM – Agência Nacional de Mineração, Ministério Público e Ministério do Trabalho, o que resultou na assinatura de um TAC – Termo de Ajustamento de Conduta, que teve o objetivo de garantir melhores condições de trabalho para os quijilas.
Desde 2014, muitas alternativas de solucionar o problema foram tentadas, inclusive a organização dos quijilas em associações, mas nenhuma obteve êxito e as pendências continuaram até que, em novembro de 2019, durante vistoria de seus técnicos, a qual foi realizada entre os dias 19 a 22, a ANM notificou a CMB, que detém o título minerário em regime de Permissão de Lavra Garimpeira – PLG junto ao órgão, para o cumprimento de algumas exigências, sob pena de sanções previstas no Código de Mineração e Legislações Complementares. Entre as exigências, a cobrança de ações que melhorem as condições de trabalho dos quijilas.
Para solucionar o problema, após reuniões com os órgãos fiscalizadores em Salvador, nos dias 13, 14 e 15 de janeiro desse ano, o presidente da CMB Humberto Alves de Meneses se reuniu com a equipe técnica e com o conselho diretor da cooperativa, já no dia 17 de janeiro, para apresentar e debater uma proposta de parceria para a aquisição de tendas, as quais serão colocadas em frente aos serviços para a acomodação dos quijilas, abrigando-os do sol e das chuvas. No dia 21 de janeiro, a presidência da CMB convocou uma reunião com mineradores para apresentar o projeto, que prevê uma ação conjunta, com a participação da CMB, mineradores, trabalhadores, pedristas e quijilas, no sistema de mutirão, com o objetivo de angariar recursos para a aquisição das tendas e EPIs. Aprovado o projeto, uma nova reunião foi marcada com os quijilas, para o dia 25, do mesmo mês.
A reunião do dia 25, que aconteceu nas dependências da CMB, contou com a presença de centenas de pessoas, entre elas quijilas, mineradores, pedristas e trabalhadores, além de autoridades eclesiásticas, militares e políticas, como o deputado estadual Adolfo Menezes, vereador Marlon Ribeiro e o vice-prefeito de Campo Formoso Ismael Pereira. Na reunião, dirigida por Humberto Alves de Meneses, a proposta foi apresentada aos envolvidos e mais uma vez aprovada por todos, com um primeiro mutirão para lavagem em conjunto dos arroios marcado para o dia primeiro de fevereiro. “A proposta é simples: o material da sexta-feira será lavado no sábado pelos quijilas em regime de mutirão e a produção resultante desse trabalho será vendido para a aquisição dessas tendas. Os compradores de esmeraldas, chamados de pedristas, fornecerão o café da manhã e o almoço dos quijilas nesse dia. Os mutirões se repetirão até que todos os quijilas estejam debaixo de tendas e usando os equipamentos de segurança. Quero ressaltar, que as primeiras tendas serão ocupadas pelos quijilas de mais idade, como foi acordado nessa reunião, desde que esteja em uma lista de participação no mutirão”, disse o presidente Humberto. Vale lembrar, que durante a reunião, lideranças políticas anunciaram a doação de 11 tendas, sendo 5 doadas pelo deputado estadual Adolfo Menezes, 5 doadas pelo deputado federal João Barcelar, que não estava presente mas enviou representante e uma do vereador Marlon Ribeiro. Gilmar, proprietário da Pizzaria Paladar e diretor de Mineração, também garantiu ajuda para a aquisição de uma tenda. “Agradecemos aos doadores da tendas, que serão distribuídas entre os quijilas que cumprirem sua parte no processo”, finaliza o presidente Humberto.